Curiosities

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Get to know a new culture

Uma missa em swahili
No dia seguinte, chegou na casa de Ingrid a MCVPTM do Quênia, Raquel (conhecida como Kela), com quem eu havia feito o primeiro contato para o meu intercâmbio. Ela havia passado o reveillon em Mombassa, uma famosa praia daqui (no oceano Índico!!!) e veio nos encontrar. Nos arrumamos e fomos todos para a igreja. No caminho pude conhecer melhor o bairro, que até então só havia conhecido na noite. O bairro aparentava mesmo ser o suburbio de Salvador, com casas humildes e chão de terra. As pessoas aqui são muito religiosas! Eu devo ter encontrado umas 3 igrejas em 2 quarteirões. E muitas pessoas aqui são muçulmanas e usam aqueles panos na cabeça... Chegando na igreja (atrasadas!) esperamos até o break pra entrar. É engraçado, todo mundo vai chegando e se aglomerando na porta, até o padre parar de falar, ai a multidão entra. Era uma igreja católica e o idioma falado era swahili (oficial língua do Quênia), mas como missa católica é a mesma em todo lugar, eu consegui entender! E aprendi minha primeira palavra em swahili na missa: AMANI, que significa paz! Depois da missa voltamos para a casa de Ingrid para pegar umas coisas e ir para town! Enfim eu iria conhecer Nairobi. Fomos da casa de Ingrid para o ponto: eu iria conhecer o transporte público do Quênia! Público? Não... O transporte privado aqui é predominante! E peguei o meu primeiro "matatu", que são como vans privadas que levam você para onde você quiser. Eles estão por toda parte, em número bem maior que os ônibus! E lá fomos nós... Eu precisava resolver mil coisas como trocar dólar, comprar chip, consertar minha mala, comprar mapa... Mas não pude fazer muita coisa porque era domingo!

Matatu - típico transporte queniano

Um aniversário queniano

Após trocar parte do meu dinheiro (porque eles não aceitaram uma nota antiga minha de 50 dolares) e comprar meu chip queniano (meu número: +254(0)732946698), pegamos outro matatu para ir pra casa do tio de Ingrid, era aniversário dele (eu só entendi isso quando cheguei lá!). Tudo o que eu falei sobre a casa de Ingrid seria o oposto na casa do tio dela. Era um casarão, daqueles raros de se ver no Brasil! A casa tinha uma área verde enorme, cachorro, churrasqueira, esses tipo de coisas... Quando entramos, me deparei com um monte de sapato na porta! Sim, temos que tirar o sapato antes de entrar na casa! Lá dentro, estava toda a família na sala, num encontro super formal: pessoas de paletó e gravata, sentadas no sofá, ao redor de uma mesa com bebidas e petiscos, conversando baixinho e um vídeo de melhores momentos da família passando na TV. Um momento totalmente diferente dos aniversários brasileiros! Lá eu tomei minha primeira soda! Ei, soda aqui não é sprite não! No Brasil refrigerente ou guaraná é a mesma coisa, né? Pois aqui eles chamam de soda: "Me dá uma soda de fanta laranja, por favor?" ;) E é bem comum aqui soda em garrafa de vidro! Eu acho ótimo, super sustentável, você bebe e devolve! Claro que tem de plástico, se você não puder beber no local, mas você paga mais caro, tipo o dobro do preço! E o sabor do refrigerande em garrafa de vidro e melhor, eu nao sei porque. Enfim, depois desse momento formal, nos chamaram para ir lá pra fora, e foi ai que eu entendi que estavamos esperando o churrasco ficar pronto! Lá fora tinha uma roda de cadeiras na grama, onde cada membro da família sentou. Antes de comer, houve um "momento depoimentos". Enquanto os dois filhinhos do tio de Ingrid tiravam fotos e faziam vídeos, em ordem, cada um se levantava, se apresentava e falava sobre o aniversariante. Foi o aniversário mais organizado que eu já vi na minha vida! Ah! Eu tive que falar também! hehehe Depois de todos falarem, passou uma moça com uma jarra de água, jogando em nossas mãos e uma bacia embaixo pra coletar a água que caia. Depois de molhar as mãos fomos pra fila da comida, essa seria minha primeira refeição queniana. Churrasco é o mesmo em todo lugar (mas eu não como carne vermelha, então não comi!)... arroz, salada... Mas haviam dois pratos quenianos: "Ugali" e "Chapati". Eu sempre ouvi dizer que na África as pessoas comiam farinha com água por causa da pobreza e falta de acesso a comida. Pois esse foi o primeiro paradigma quebrado! Como eu disse anteriormente, eu estava num casarão de uma família aparentemente rica, logo, Ugali foi selecionado para ser servido no menu. Soteropolitanos, sabe o nosso feijão com arroz e farinha? É tipo isso... Comida típica que todo mundo come, mas que por acaso (ou não) é barata! Se eu gostei? Médio... É gosto de farinha com água, parecendo um bolo! hehehe Você tem que comer acompanhado de outra coisa para dar o gosto! A outra comida é Chapati. Originalmente indiana (e segundo um indiano lá da faculdade onde eu trabalho, o Chapati indiano é bem melhor! realmente, eu provei e concordo! é feito com ingredientes diferentes!) essa comida é como se fosse uma massa de pastel aberta, que você coloca comida em cima (ou não - esse é o jeito indiano, que eu prefiro!), e come. OK! Essas foram as comidas, prato feito, fui em busca do garfo e faca... Faca? Não tinha faca na mesa. Eu perguntei pra Kela e ela disse que se eu quisesse eles podiam arranjar pra mim, mas ÓBVIO que eu não queria. To aqui, tenho que comer como comem aqui! Então voltamos pra as cadeiras pra comer, e lá veio outro choque: algumas pessoas estavam comendo de mão!!! Amassando, fazendo bolinhos e colocando na boca. Ali eu entendi porque eles lavavam as mãos antes. A principio eu não comi de mão, vamos se adaptando aos poucos! hehehe A comida estava uma delícia! Não tão diferente da brasileira... Depois de todos terminarem chegou a hora de cantar os parabéns! Trouxeram uma mesa para o meio da roda com um bolo. Esperem! Não era um bolo, era um panetone! hahaha No Brasil a gente canta parabéns e o aniversariante apaga as velhinhas fazendo um pedido, corta o primeiro pedaço do bolo e oferece para alguém, né? Aqui o negócio é mais solidário! O aniversáriante corta o primeiro pedaço (se é que eu posso chamar aquilo de "pedaço") do bolo, que é dividido em pequenos quadrados, e distribuido na roda para todos. Claro que depois você pode comer mais, esse é só uma "oferenda". Na hora de comer o bolo, ofereceram bolo com sorvete, hummm! E eu tapada melei minha blusa branca de sorvete. E como eu to em intercâmbio e lavagem de roupa aqui é escasso, precisava ir no banheiro limpar minha blusa. Lá vai eu procurar o banheiro... Até que eu encontrei uma coisa que parecia a fila do banheiro. Esperei, e quando chegou minha vez, que eu entrei no banheiro, só encontrei uma latrina! HAHAHA! Lembram que eu disse que na casa de Ingrid não tinha latrina? Pois na casa do tio dela não tinha torneira nem chuveiro. Então eu fui perguntar por alguma pia onde eu pudesse lavar minha blusa. Foi ai que mostraram pra tapada aqui o segundo banheiro, ao lado do primeiro, próprio para banho! PASMEM! Foi ai que eu entendi que na casa de Ingrid havia outro banheiro com latrina! ;) Quase congelando de frio (sim, sometimes aqui faz muuuito frio!), chegou a hora de ir embora. Nos despedimos de todos, cumprimentando com as mãos! Eu esqueci de dizer, mas os africanos são meio formais, frios, não sei dizer o que é isso. Ou talvez o Brasil que seja muito caloroso, com seus dois beijinhos e abraços, mas aqui é só um aperto de mão, com seu chefe, seu colega, seu professor... Algumas vezes você pode abraçar, mas beijo é raro, principalmente se ele for na boca! Os casais aqui não podem se beijar em público. Acredito que seja porque as pessoas aqui são bem religiosas! Saindo de lá, votamos para a cidade (quando eu digo cidade estou me referindo ao centro, porque as pessoas moram ao redor do centro, o centro é apenas comercial). Os pais fofos de Ingrid pagaram meu matatu. Mas tivemos que descer em um momento por causa de alguma confusão que teve que eu não entendi (odeio não entender as coisas!). Os pais de Ingrid foram embora e eu, Kela e Ingrid fomos no mercado. Lá procurei leite condensado pra fazer brigadeiro, mas não tinha (viu mãe, eu falei que era melhor trazer!). Então comprei meu primeiro (de muitos) chocolate queniano! Depois voltamos para a casa de Ingrid, onde ficamos vendo TV e conversando até a hora de dormir.

Ugali - típica comida queniana feita de pão com água
Chapati - típico pão queniano, original da Índia

First Steps

Minha viagem para o Quênia tem um responsável e um propósito: AIESEC. Depois de dois anos de experiências de liderança, gestão de time, gestão de projetos, discussão de temáticas globais e um enorme trabalho em rede, poderia parecer que não faltava mais nada para me desenvolver, mas faltava: uma experiência internacional, onde eu ia poder replicar tudo o que eu aprendi, mas agora fora da minha zona de conforto, onde o aprendizado é gerado em exponencial. Depois de muitas buscas (como diria Lino, se não fosse exótico, não seria eu), decidi por assumir uma liderança no Quênia. Eu sempre quis conhecer a África, e o Quênia é um dos meus mais exóticos e preferidos países. Além do mais, ele é um dos maiores e mais antigos MCs da AIESEC na África GN e vai sediar o IC nesse ano.

A seleção

Após ser selecionada, começou uma correria danada atrás de renovação de passaporte, seguro saúde, passagens, visto, vacinas, malas e blablabla. No meio dessa correria, comprei minha (fortuna de) passagem para o dia 31 de dezembro, ou seja: passaria o reveillon no Atlântico! Dito e feito, comecei a minha viagem partindo do Aeroporto de Salvador em direção ao Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, de onde eu pegaria vôo para Johannesburg, na África do Sul, para então chegar em Nairobi, capital do Quênia.

O Vôo

São Paulo - Johannesburg

Até São Paulo foi super normal, já que eu estou tão acostumada a ir pra São Paulo para as Conferências da AIESEC. No meu vôo para Johannesburg que começou de verdade o clima de desapego, a começar pela tripulação que era africana e só falava inglês, começaram entre um lanche e um almoço os meus primeiros desafios da língua, e mais do que o inglês: o inglês africano! Porque aqui a pronúncia é bastante diferente, por exemplo, palavras como "better", "litlle" ou "together" (que vocês sabem como se pronuncia, ou pelo menos como ensinaram pra gente na escola), são pronunciadas como "betá", "litá" e "togedá". By the way, como disse anteriormente, passei o reveillon no avião. Não vou mentir que tava esperando um champagne, porque os aviões da South African Airways até que são chiquezinhos, mesmo se você vai na classe Z. Eles te dão tapa-olho, meia, escova, pasta, fone de ouvido, comida decente e free (¬¬' quem viajou pela WebJet recentemente vai entender essa minha cara!), rádio, jogos, filmes, CDs... Mas quem disse? A única coisa que aconteceu foi um STOP no meu filme e uma repentina contagem regressiva desde o 5, 4, 3, 2, 1, happy new year!!! OK! Feliz ano novo. Mas não importou pra mim, só o fato de eu saber que no dia primeiro de janeiro eu estaria no Quênia, começando a melhor experiência de minha vida, já era o suficiente. Ah! Não podia esquecer do meu companheiro de poltrona, um professor da faculdade de Juiz de Fora que era descendente de indianos e estava indo para New Delhi.

Johannesburg - Nairobi

Chegando em Johannesburg, eu me senti em casa. Havia estado lá por 9 horas um ano antes, durante minha conexão para a Coréia do Sul. Eu aproveitei pra terminar de arrumar meus documentos e preencher os formulários de visto. Fiz isso em um café, onde paguei uma fortuna para usar a internet. Hoje em dia os aeroportos não cedem mais wireless, absurdo! By the way, lá eu comecei a me sentir mesmo uma estrangeira, sendo uma das únicas brancas (e agora loira) do ambiente. O aeroporto é muito chique e aparenta ser bem seguro, eu dormi que foi uma beleza! Até que eu parti pra Nairobi! Quando cheguei em Nairobi bateu um medinho. Eu não sabia se ia ter alguém lá pra me buscar, porque não tinha conseguido contactar ninguém (e já era de noite), e nem se ia conseguir tirar o visto (você pode tirar o visto na entrada do país por apenas 25 dólares e um formulário preenchido). Para a minha sorte, tudo ocorreu bem, estavam lá para me buscar Ingrid (VPTM), Steve (LCP que renunciou e eu vim pra substitui-lo) e a irmã de Ingrid. Mas como nem tudo são flores... Não! Eu não perdi minha mala, ela apenas foi quebrada. Lá vai eu e meu inglês buscar a reclamação da companhia aérea. Depois de muitos empregados se retarem comigo (depois dessa minha experiência serei muito mais tolerante com os gringos), eu consegui um documento na qual eu deveria levar para o escritório na capital e eles consertariam minha mala. OK! :) E lá fomos nós, no carro de Steve, para a casa onde seria meu primeiro host. Eu vim o caminho todo conversando com a irmã de Ingrid, pra treinar meu inglês envergonhado, e a primeira coisa que ela me falou foi - pasmem! - "Brasil? Vocês produzem café, né? Eu dei isso na aula de geografia." (Márcia Kálid que leia isso!) E a primeira impressão do Brasil de samba, carnaval e futebol foi essa, pra me desequilibrar! No mais, estava escuro e não deu pra ver o caminho!

O primeiro host: Casa de Ingrid - VPTM @Kabarak

Steve nos deixou lá e foi embora, já era tarde. Era tudo novo pra mim, uma casa diferente, mais ou menos parecidas com as casas do suburbio de Salvador. Assim quem entrei me deparei com o que viria a se tornar minha amiga: Taifa, a coelhinha do MC (depois eu descobri que ela estava lá porque não tinha ninguém no MC)! Logo depois encontrei a típica família brasileira reunida no sofá assistindo TV, quando pararam pra falar comigo. Eu estava muito envergonhada e não conseguia me expressar (hoje sou mais sensibilizada com os mudos!). Ingrid me direcionou para um quarto onde eu iria dormir, talvez fosse aquele quarto de porta-coisa que a gente sempre tem. E eu fui logo perguntando pelo banheiro, estava louca pra tomar um banho, havia dois dias eu não tomava um! E, para a minha surpresa, Ingrid me mostrou o banheiro (que até então eu não tinha percebido que não tinha latrina), e que não tinha água lá, ou seja, eu ia ter que tomar banho de balde, enchido na torneira de lá de baixo. OK! Primeira vez, lá vai Ingrid me ensinar as coisas, e eu - tapada de cidade grande - solto a seguinte pergunta: "Quantos baldes eu preciso pra tomar banho?" e ela me respondeu com um tom de "como que você não sabe isso?": "UM!!". E lá ia eu pra a minha primeira aventura, tomar banho de balde de água gelada em cima de uma banheira. Quem já passou dois dias sem tomar banho sabe o quão ansioso você fica por um banho. Mas ali eu não consegui, mãe, eu tomei um "banho-theco". Antes de dormir ficamos eu e Ingrid conversando (ou tentando). Eu estava ainda meio assustada e com medo do que viria pela frente, mas ela sempre foi muito solícita comigo. Ela me avisou que iriamos para a igreja no dia seguinte e fomos dormir.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Introduction to Blog

Ok. 13 dias depois de chegar no Quênia eu estou fazendo o meu primeiro post. Eu juro que não foi porque eu quis, mas situações externas como casa, internet e tempo. rs :)

Bom, nesse primeiro post eu queria fazer algumas considerações introdutórias:

Por quê fazer um blog?
Essa é minha terceira viagem internacional (antes eu já fui pra Orlando, Flória - EUA e Daejeon - South Korea) e eu não tenho nenhum registro das viagens e aventuras vividas, nem mesmo das fotos, porque o computador formatou e eu as perdi. Então isso me motivou a criar esse blog, até porque é a primeira vez que moro em outro país.

Qual é o objetivo desse blog?
Como dito anteriormente, ele será um diário de bordo, logo, eu pretendo registrar percepções, reflexões, momentos e fotos para que os leitores possam viver um pouco do que estou vivendo e aprender um pouco comigo. Especificamente por ser uma viagem para a África, tenho o grande objetivo de quebrar paradigmas acerca desse país continente!

Manual de leitura
Depois de muito pensar, decidi fazê-lo em português. Eu sei que o meu alcance será menor, mas existe google translate pra quem realmente quer ler. Esse será meu momento brasileiro, então terá que ser em portguês! :)
Na primeira página estarei colocando periodicamente relatos de minhas vivências e algumas reflexões.
Na página de curiosidades estarei pondo coisas inusitadas que encontro por aqui, assim como quebrando alguns preconceitos sobre a África.

Para os novatos blogueiros: se você gosta do blog, segue, vota, comenta e divulga.

Boa leitura!